Putin tem histórico de corrupção, suborno, extorsão e lavagem de dinheiro


Por Wilson Oliveira

Com tantas sanções econômicas à Rússia anunciadas pelo 'mundo ocidental' e o contínuo avanço russo na invasão à Ucrânia, muitas pessoas começam a se perguntar: essas sanções servem para alguma coisa? Vladimir Putin será impactado por elas?

Primeiro, é importante dizer que sanções econômicas sempre levam um prejuízo muito grande para alguém. Porém, diferentemente do que sugere a propaganda ocidental, essas medidas devem impactar muito pouco ou quase nada na fortuna do bilionário Vladimir Putin e dos maganatas russos que o apoiam, deixando todo o ônus para o povo russo totalmente dependente da moeda russa, que não está entre as mais fortes do mundo.  

Algumas das sanções anunciadas por Estado Unidos e União Europeia miram a fortuna de Putin, mas é praticamente certo que essas medidas não irão atingí-la, uma vez que o presidente russo desenvolveu um sofisticado esquema de laranjas e testas de ferro para esconder grandiosa parte da sua riqueza. Na declaração oficial de renda, Vladimir Putin constou apenas um apartamento de 74 metros quadrados em São Petesburgo e três automóveis (um, inclusive, da era soviética).

Por outro lado, familiares e amigos próximos de Putin gozam de um padrão de vida considerado bastante elevado até mesmo para os países mais ricos da Europa. Entre os luxos ligados às pessoas do entorno do ditador russo, está um megaiate de US$ 100 milhões e um palácio do Mar Negro que, embora tenha sido construído para uso pessoal de Putin, ele jura que não é sua propriedade.

 

O Kremlin informa que a renda anual do presidente da Rússia é de cerca de US$ 140 mil. Um valor considerado modesto para a maioria dos países da Europa ocidental. Muitos especialistas afirmam que não há como detectar com precisão toda riqueza de Vladimir Putin graças a sua habilidade para escondê-la, colocando os bens no nome de outras pessoas e espalhando-a em vários paraísos fiscais. Porém, há também uma boa gama de investigadores que apresentam outra versão para esse enigma. 

De acordo com essa segunda corrente de peritos em lavagem de dinheiro internacional, nem Estados Unidos nem União Europeia têm interesse em fazer uso do "follow the money" (siga o dinheiro) quando se trata de Vladimir Putin, pois a sua estratégia, com ajuda dos magnatas russos, é aplicar boa parte dessa riqueza em negócios que também contam com a participação de poderosos americanos e europeus, de modo que desabar o castelo do presidente russo poderia provocar um efeito dominó irreversível na economia do mundo ocidental. 

Um relatório da “Panama Papers”, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, divulgado em 2016, aponta que Putin não tem nenhum rastro de papel para seus ativos, principalmente propriedades, justamente por ter esses bens escondidos nesses esquemas formados pelos magnatas russos, que são essenciais para a manutenção e concentração do poder de Vladimir Putin na Rússia.

Esquema de extorsão para manter magnatas russos

Uma das acusações que pesam contra o ditador Vladimir Putin é o de extorsão, cujo funcionamento é muito simples. Ou os magnatas russos o apoiam, não apenas moralmente, mas também com o uso de verbas e participação em esquemas financeiros, ou o governo russo pode confiscar riqueza e bens, além de prendê-los. Matéria publicada pela "Gazeta do Povo" traz um detalhamento dado pelo economista sueco Anders Aslund em seu livro. 

Aslund, que é professor na respeitada Universidade Georgetown, em Washington, em 2019 publicou “Russia’s Crony Capitalism: The Path from Market Economy to Kleptocracy” [O Capitalismo Camarada da Rússia: O Caminho da Economia de Mercado para a Cleptocracia]. No livro, ele explica como o domínio da máquina estatal russa ajudou Putin e seus amigos a enriquecerem demasiadamente, usando para isso informações privilegiadas, manipulação de ações nas bolsas e extorsão pura e simples. 

 

“À medida que a Rússia se tornou mais cleptocrática e autoritária, outra forma de enriquecimento da elite tornou-se mais importante – a saber, a extorsão pelo Kremlin e a aplicação da lei sobre os verdadeiramente ricos”, escreve. “Bill Browder argumenta que, após a condenação de Mikhail Khodorkovsky em 2005, Putin exigiu 50% da riqueza dos outros oligarcas. ‘Ele não estava dizendo 50% para o governo russo ou a administração presidencial, mas 50% para Vladimir Putin pessoalmente. A partir desse momento, Putin se tornou o maior oligarca da Rússia e o homem mais rico do mundo.” Isso é possível, mas não comprovado. O que sabemos de muitas entrevistas é que a extorsão do Kremlin é um procedimento padrão, e é pelo menos na casa das dezenas de milhões de dólares em doações para “caridade” de cada oligarca individual. As visitas ao Kremlin são caras, então a maioria dos oligarcas fica no exterior a maior parte do tempo. Grande parte da riqueza pertencente oficialmente aos oligarcas russos pode ser de propriedade ou pelo menos controlada por Putin.”

A matéria da Gazeta acrescenta que a fonte citada no livro de Aslund é o investidor americano Bill Browder, que comandou um fundo de investimentos na Rússia por 14 anos, onde lucrou bastante, até entrar em conflito com o governo Putin. O advogado de Browder, o russo Sergei Magnitsky, não viveu para dar mais detlhes. Foi preso pela ditadura de Putin, torturado e assassinado. No livro “Alerta Vermelho - Como me tornei inimigo número 1 de Putin”, lançado também em versão brasileira, Browder testemunhou no senado americano em 2017: "O objetivo do regime de Putin tem sido cometer crimes terríveis para obter dinheiro”. 

No mesmo depoimento ao senado, ainda de acordo com a Gazeta do Povo, Browder disse que a fortuna de Putin pode chegar aos US$ 200 bilhões (valor que se
convertido para a moeda brasileira daria a incrível soma de mais de R$ 1 trilhão), transformando Putin no homem mais rico do mundo, à frente de Bill Gates, Jeff Bezos e Elon Musk.

Na Rússia, portanto, não é possível fazer parte da elite financeira do país sem ser um apoiador e 'colaborador' de Vladimir Putin. O histórico de prisão de opositores de Putin é extenso, antigo e conhecido. Quem se levanta contra o ditador russo, não importando se é magnata ou político, sofre pesadas consequências, inclusive financeiras. E, como O CONGRESSISTA vem dizendo e repetindo nas suas publicações mais recentes, mesmo entre os globalistas ocidentais, não é possível pertencer à elite financeira sem obter, direta ou indiretamente, alguma sociedade com o ditador russo. 


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