A direita politizada está órfã de lideranças


A impressão mais nítida para a direita brasileira após o segundo turno da eleição presidencial é que cada bloco direitista seguiu por um caminho diferente. Porém, os dois estão perdidos.

A direita tiozão, representada pelos bolsonaristas, está completamente sem rumo. Estacionada na porta dos quarteis, clama pela anulação das eleições e diz que não aceitará ser governada por um ex-presidiário condenado e descondenado por corrupção.

Nós, de Visão Conservadora, sabemos que não dará em nada todo esse barulho feito pelos manifestantes - que têm todo direito de ficarem indignados. Mas eles são totalmente forjados e moldados por correntes de Whatsapp, portanto não dá pra esperar que adotem uma postura mais 'política'.

A ação do PL junto ao TSE, questionando os votos de determinadas urnas, tampouco irá para algum lugar. No nosso entendimento, Bolsonaro age para manter a mobilização dos seus seguidores mais devotos, enquanto Valdemar Costa Neto trabalha por um poder de barganha para negociações futuras.

O outro bloco direitista, dos politizados, ao menos já sabe que precisará trabalhar duro para fazer uma oposição a Lula já mirando o ano de 2026. O vice-presidente Hamilton Mourão, que passou os quatro anos do governo Bolsonaro sinalizando muito mais para a direita politizada do que para a direita tiozão, já falou sobre isso.

O problema é que essa direita politizada, embora tenha em mente as ideias e o caminho correto a ser seguido, sofre por não ter nenhuma liderança. Alguns nomes surgem como potenciais: o próprio Mourão, Sergio Moro, Tarcisio Gomes de Freitas, Romeu Zema e Felipe D'Ávila. Mas todos têm barreiras.

A questão partidária, por exemplo, é um problema para todos eles. Nos casos de Mourão, Moro e Tarcisio, eles não apitam em nada nas legendas a que hoje são filiados, o que praticamente inviabiliza o papel de líder da direita politizada, que não vai se satisfazer com um líderes apenas de rede social, como acontece com a direita tiozão.

E para piorar, os partidos dos três - Republicanos, de Tarcisio e Mourão, e União Brasil, de Moro - ainda consideram a hipótese de conversar com Lula, até mesmo rejeitando o rótulo de oposição, o que dificulta ainda mais que esses nomes assumam qualquer papel de líder da direita politizada da política brasileira.

Já nos casos de Romeu Zema e Felipe DÁvila, ambos do Novo, é até possível imaginar que no futuro próximo eles assumam papeis de lideranças do partido que são filiados. Mas o problema nesse caso é que a legenda, que já não era grande, encolheu ainda mais nas eleições de 2022.

É claro que pode haver uma reestruturação partidária, que se for bem trabalhada pode fazer o Novo chegar forte para os próximos pleitos, de forma assumida como representante da direita politizada, até mesmo, quem sabe, buscando a filiação dos outros potenciais nomes citados. 

Mas, embora o Novo já tenha definido - e se orgulhe disse - como principal e mais ferrenha oposição ao governo Lula, por enquanto nada indique que o partido irá "se reinventar" para chegar forte nas próximas eleições. Pior, existe até a chance de uma fusão com outras legendas para vencer a cláusula de barreira.

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