Defensores da intervenção militar assassinam Bolsonaro politicamente


Caros amigos conservadores,

Vimos no último domingo, com muito pesar e tristeza, uma cena de verdadeiro horror ocorrida em Brasília, mais precisamente na Praça dos Três Poderes, que nos remete às destruições ocorridas ao longo da história por processos revolucionários impulsionados pela esquerda.

Defensores de uma intervenção militar que, infelizmente, perderam completamente a capacidade de raciocínio político lógico para agir no impulso de forma totalmente desorientada, que estavam acampados em frente aos quartéis exigindo uma tomada de poder das Forças Armadas, receberam reforços de cerca de três mil ônibus e invadiram as sedes do governo federal, do STF e do Congresso para a realização de atos de destruição do patrimônio público.

Como já havíamos pontuado em publicações recentes, essas atitudes em nada se assemelham ao conservadorismo, mas sim aos modos de agir e pensar de revolucionários da extrema-esquerda. Aqui no Brasil, há poucos anos, enxergamos essa maneira de proceder vinda dos Black Bloc. Em outros países da América Latina, mais precisamente na Colômbia, as Farc, outra organização da extrema-esquerda, também faz uso de expediente parecido. Sempre precisamos lembrar que o conservadorismo político é a rejeição de iniciativas desse sentido. 

O conservador tem por princípio observar os acontecimentos na história, separando o que traz benefícios daquilo que traz prejuízos para a sociedade e, desse modo, decidir o que deve ser feito no presente em busca das evoluções que são possíveis no futuro. E a história nos mostra que a Revolução Francesa, que foi um conjunto de atitudes parecido com as tomadas pelas organizações citadas no parágrafo anterior, levou a França a um período terrível de ditadura implacável.

Por sorte, o lamentável acontecimento em Brasília nos mostrou que está em curso a formação de um conjunto direitista verdadeiro na política brasileira, com noções do conservadorismo político de maneira muito esclarecida. Os governadores Tarcísio Gomes de Freitas e Romeu Zema, os senadores Sergio Moro e Hamilton Mourão, e o deputado federal Marcel van Hattem, principais nomes dessa formação, acertadamente, repudiaram os acontecimentos em Brasília e, com razão, projetaram que tal evento só trará ainda mais opressão a esses desorientados intervencionistas e rejeitadores da política.

Nesta carta aos conservadores, temos o objetivo de reforçar a defesa da liberdade de expressão, de consciência e de manifestação. No entanto, o modo de agir adotado por essas pessoas, enganadas por teorias conspiratórias e conteúdos apócrifos de rede social, principalmente WhatsApp, foge completamente daquilo que defendemos. É algo que, na verdade, anda na contramão do que acreditamos.

Já não é mais preciso falar que essas pessoas estão totalmente fora do escopo conservador - a atitude não foi patriota nem opositora. Não é mais uma questão de discordarmos do que dizem quando pedem intervenção militar. A situação mudou de figura. Agora já podemos afirmar que os influenciadores desses atos estão na mesma prateleira dos movimentos da extrema-esquerda que sempre agem com depredações, intimidações e violência. Algo em comum entre organizações esquerdistas extremistas e quem influenciou os atos em Brasília do último em domingo é que todos rejeitam a política e o contraditório por desejarem algo dominador, único e absolutista.

Outro ponto que precisa ser mencionado é que a partir de agora também fica complicado questionar a vontade das autoridades de fornecer uma resposta punitiva contra essas pessoas, que estão insistindo em cometer erros incentivadas psicologicamente por conteúdos apócrifos, obscuros e tomado por informações incorretas. O ocorrido em Brasília não foi o livro exercício de manifestação pacífica e ordeira (que seria uma ação patriótica, ainda que o conteúdo pudesse ser questionável). O que se viu, na verdade, foi um estímulo à anarquia e à legalização da barbárie em vista de um modelo hegemônico-militar de poder para o Brasil.

Por fim, é de se lamentar a falta de veemência do ex-presidente Jair Bolsonaro na hora de condenar os eventos em Brasília, sendo ele o ex-presidente da República, que deixou o cargo há poucos dias, e que, do conhecimento de todos, recebeu os votos desses desorientados que perderam completamente o poder de raciocínio, controle emocional e sensatez. Enquanto mídia e esquerda dizem que Bolsonaro concorda com o que aconteceu, o mesmo faz muito pouco, quase nada, para comprovar o oposto.

O site Visão Conservadora não se arrepende de ter manifestado o apoio a Jair Bolsonaro na eleição do ano passado por saber que a candidatura do outro lado não era nada positiva para o nosso país. Mas esse apoio foi dado de maneira crítica. Essas ressalvas que fizemos a Bolsonaro, portanto, se mantêm, pois mais uma vez ele demonstra um comportamento inadequado para o cargo que ocupou. Sendo que agora temos ainda mais diferenças para a sua pessoa, pois percebemos que ele continua tendo uma inclinação muito maior para esse desejo de modelo hegemônico-militar do que para uma construção política de cunho conservador. 

É bom que o conservadorismo e, por tabela, a direita brasileira comece a trabalhar a sua autonomia e independência do bolsonarismo, pois, pelo que vemos, esse movimento se descolou de uma vez por todas da política - e da realidade dos fatos - para agir de uma maneira completamente inapropriada, desastrosa e fracassada. Mas é claro que, como bons conservadores, aceitaremos todos aqueles que até então se identificavam com o bolsonarismo, mas que ficaram constrangidos e envergonhados com o que aconteceu em Brasília e querem, na verdade, buscar uma opção verdadeira e politicamente conservadora para o Brasil, com respeito ao contraditório e às diferenças.

1 Comentários

  1. Carta muito bem redigida! De fato, os atos em Brasília foram influenciados por uma mentalidade politicamente desnorteada e desorientada. Pelo decorrer dos recentes acontecimentos, não há a menor perspectiva de tomada do poder pelas FFAA, mas os manifestantes insistem em sustentar uma quimera.

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